Brasil à beira de um colapso fiscal em 2027
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Por Fabiano Pereira
O colapso fiscal do Brasil em 2027 é real, apesar do alívio trazido por um superávit primário de R$ 14,2 bilhões em abril de 2025, as contas públicas brasileiras permanecem em terreno perigosamente instável. Esse resultado pontual não mascara a trajetória ascendente e preocupante da dívida bruta, que já alcança 76,2% do PIB, segundo o Tesouro Nacional. Esse patamar, superior à média de economias emergentes comparáveis, sinaliza uma vulnerabilidade crescente.
O cenário para o ano todo é de forte contraste com a meta governamental de déficit zero. A Instituição Fiscal Independente (IFI) projeta um déficit primário de R$ 64,2 bilhões, enquanto o próprio Ministério da Fazenda já revisou sua estimativa oficial para um rombo de até R$ 52 bilhões. Essa divergência entre meta e realidade realimenta a incerteza no mercado.
A Raiz do Problema: Uma Estrangulação Orçamentária Iminente
Especialistas apontam que o atual arcabouço fiscal se tornou uma camisa de força. Enquanto as despesas obrigatórias (como Previdência e folha de servidores) crescem acima da inflação e consomem mais de 90% da receita, o limite para aumento de gastos totais não acompanha esse ritmo. O resultado é um sufocamento progressivo das chamadas “despesas discricionárias” – o coração do investimento público em saúde, segurança, educação e infraestrutura.
Projeções do Prisma Fiscal, ferramenta oficial do Ministério da Fazenda, são alarmantes: sem um endurecimento significativo do controle de gastos ou reformas profundas, déficits primários se tornarão recorrentes.
O efeito dominó é claro: dívida crescente, aumento do risco-país, juros mais altos, menor investimento privado e crescimento econômico pífio. Esse ciclo vicioso ameaça a confiança dos investidores e coloca em xeque a classificação de grau de investimento do Brasil, crucial para atrair capital externo a custos viáveis.
O impacto concreto no bolso do cidadão, que sente o reflexo de uma administração irresponsável do executivo já refletem até nas pesquisas de opinião para as próximas eleições.
As consequências não são abstratas. Projeções convergentes de entidades econômicas e do próprio governo indicam que, mantida a trajetória atua da economia, o orçamento federal perderá capacidade de financiar serviços essenciais e o Brasil entrará em colapso já em 2027.
Como alertou o presidente da Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord) à CNN Brasil, sem um consenso urgente entre os Três Poderes para promover o equilíbrio fiscal, “as contas públicas irão colapsar” neste prazo.
Isso significa, na prática, um risco real de precarização dramática de hospitais públicos, escolas, investimentos em segurança e programas sociais. O cidadão sentiria no dia a dia o esgotamento do modelo atual, fruto do crescimento dos gastos obrigatórios, da estagnação das receitas (limitadas por um baixo crescimento potencial) e da dificuldade crônica em aprovar reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa.
Um Desafio Urgente e Complexo
O superávit de abril é um suspiro, não uma solução. O governo enfrenta o desafio hercúleo de romper esse ciclo perverso antes que ele se torne irreversível.
Isso exige mais do que ajustes pontuais; demanda coragem política para enfrentar reformas impopulares, porém necessárias e um amplo diálogo nacional sobre as prioridades do gasto público. O custo da inação, medido em perda de bem-estar social e estagnação econômica prolongada, seria catastrófico para todos os brasileiros.